No Leito Outonal do Velho Carvalho

Adormecida estou
no leito outonal
do velho carvalho
cobrem-me as folhas
trazidas pela brisa
que vem do norte
sussurrando teu nome
brisa que perpassa
suavemente meu corpo
levando-me em sonho
até você meu eterno amor
neste sonho misturo-me
em essência a você
adentro no sonho encantado
que passa a ser o nosso sonho
um mundo construido por nós
projetado pelo grande arquiteto
encontro teus olhos cintilantes
que me fitam hipnotizantes
silenciosos, com o brilho
da estrela maior pela qual
incansávelmente busquei...
aproximo meu corpo
desejo falar-lhe de saudades
que em meu peito levei
por interminável busca de você
deste amor transcendente
que semente permaneceu
porque no solo de teu coração
poderia germinar somente...
mas de repente palavras perdem
todo seu poder de abrangência
apenas a ponte entre nosso olhar
sedento em chama tornado
meus lábios decidem então
te contar a saudade desta busca
suavemente colando-se aos teus...
o toque de tuas mãos em minha tez
tão ansiado e reconhecido
por meu corpo como possuidor
de memória própria lembrando
sua singular forma de explorar
os segredos transmitidos de corpo
em corpo na passagem das existências...
minha voz rouca não emite palavras
senão gemidos ora profundos
ora suaves como uma canção
nascida da inspiração d’alma
cantando nosso sagrado Amor
no espírito nascido e
na carne também vivido...
quando o êxtase da alma
se alia ao da carne
se traduzindo na mais bela
manifestação do Pai Amantíssimo
nos levando aos paradisíacos
jardins estelares dos deuses
já não sei mais de mim
não sei se estou sonhando
pois agora só consigo me sentir
UNA com você e o Universo maior...
meu corpo adormecido
embaixo do velho carvalho
que vela meu profundo sono
suas folhas tão ternamente
me cobrindo enquanto sonho
enquanto minha alma para ti
desperta num dia de outono...
(Susie Sun)