
Um brinde
ao meu instinto intenso e
à minha insanidade.
Ao fragmento roubado
em cortes lentos
da sua carne,
agora em minhas unhas.

Um brinde à sua descrença,
as vermelhas ruas que são as minhas veias.
Enganam-se os que pensam
que o meu manto é minha pele...
Meu sangue é que me veste!
Um brinde ao seu perfume aprazível,
exalando de sua alma adormecida
mas que eriça.
E por isso me desperta!
À sua vontade de jogar-me
no mais profundo abismo,
e no carinho do seu colo!
Um brinde
à cegueira nos teus olhos
que só podem enxergar-me
quando adormecidos.
Um brinde
quando se deita ardendo em desejos
e à sua acidez
quando regurgita o meu nome.
Um brinde à sua fúria,
ao seu medo e
também
à sua inércia
nos silenciosos beijos.
Um brinde à sua mão em minha garganta.
Ora raivosa, ora cheia de fome.
Um brinde à excitação dos seus dentes
em meu pescoço,
ao gozo de buscar vida em meu sangue.
Um brinde!
Ao suor,
mãos,
língua
e ao denso do seu sêmen...
(Lady Laura)
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