
O amor da Inteligência Universal está em toda parte na natureza, todavia vemos ao nosso redor a destruição, a miséria e as desigualdades. Trata-se de de diferença de foco. Se focalizarmos nossa mente em tudo que é bom e belo, veremos o amor da Inteligência Universal, a despeito de toda fealdade que possa existir na natureza, especialmente na natureza humana. Se fizermos isso, estenderemos uma capa ou uma coberta sobre a fealdade da vida. Se armazenarmos todas as coisas belas dentro de nós, seremos capazes de suprir a falta de beleza em qualquer lugar, usando o suprimento de beleza que temos dentro do nosso coração. Mas se focalizarmos nossa atenção sobre a fealdade, ela crescerá em nós e chegará um tempo em que não seremos mais capazes de ver a beleza. Para cada lugar que volvermos os olhos só veremos crueldade, maldade, perversidade e fealdade.
Pode-se perguntar, se focalizarmos nossa mente só na beleza, não haverá o perigo de fecharmos os olhos para a fealdade e o sofrimento, que talvez pudéssemos aliviar? A resposta é: para ajudar o pobre é preciso ser rico e para afugentar o mal é preciso o bem em grande profusão, é necessária a bondade. Essa bondade deve ser obtida como dinheiro é obtido, acumulando-o. Essa aquisição é feita se acumularmos bondade onde quer que a achemos. O que acontece é que o homem se agita quando vê abundância de bondade. Sendo pobre de abundância, não sabe como acumulá-la e é empurrado na direção do mal. Ainda que possa inconscientemente desenvolver em seu próprio caráter um desejo ardente de bondade que vê, isso não o ajuda em sua agitação. Procurando o mal é apenas mais uma pessoa no rol dos perversos.
Quem mantém os olhos focalizados para a beleza, com o tempo armazenará o bem. Recebe as mesmas impressões que os outros estão recebendo mas o resultado é diferente. Além disso não se ajuda a quem precisa por meio de crítica, pelo julgamento e olhando a perversidade com desprezo. Quem está pronto a revelar, a perdoar e a tolerar com paciência todas as desvantagens que encontra, esse é o que pode realmente ajudar.
(Inayat Kahn – mestre Sufi)